sexta-feira, 9 de abril de 2010

Elementos para Minimização de Obstáculos à Ação Coletiva

Introdução

Como minimizar os obstáculos a ação coletiva, possibilitando assim ganhos para todos os atores envolvidos? Esse é o objetivo que se procurará tratar aqui a partir da leitura de alguns trechos da Lógica da Ação Coletiva de Mancur Olson (1971).

A obra desse autor é considerada referência no que se diz respeito a Teoria da Escolha Racional, teoria essa adaptada, a partir de análises de fundo econômico, onde segundo a teoria busca-se a obtenção de resultados ótimos, através da análise racional de todas as informações, de modo a contemplar ao interesse, como já mencionado anteriormente, de todos os atores envolvidos.

A abordagem feita aqui é genérica, não vai deter-se em grupos grandes, pequenos ou intermediários, como o autor apresenta inclusive com suas peculiaridades, mas sim de soluções ótimas que podem ser aplicadas a todos os tipos de grupos, uma vez que o objetivo é apresentar elementos que minimizem os obstáculos a qualquer tipo de ação, está de qualquer tipo de grupo.

Os elementos que serão desenvolvidos foram identificados a partir da leitura realizadas dos fragmentos do primeiro e segundo capitulo.

 

Elementos para Minimização dos Obstáculos à Ação Coletiva

Qualquer ação coletiva, de qualquer grupo, pressupõe que todos os membros do grupo tem um interesse comum que em alguns casos esta concomitantemente ligado aos seus interesses pessoais, isso quer dizer que antes de qualquer coisa, os interesses individuais estão acima dos interesses coletivos.

Isso é claro em quase todas as situações, o individuo ao associar-se a um grupo, esta querendo na verdade resolver uma situação que é particular sua, mas que encontra eco em maior ou menor grau em outras pessoas e isso facilita sua identificação com esses pares, que no seu entendimento o ajudarão a atingir seus objetivos.

No entanto, é preciso ressaltar que essa identificação não ocorre de forma imediata, mas sim de um processo de reconhecimento do interesse comum, e isso pode ser demorado e traumatizante em dadas situações quando algum ou alguns membros querem dar-se melhor do que o grupo, ou almejam mais do que o objetivo do grupo, dessa forma partindo para a disputa pelo poder ou pela hegemonia do grupo.

É nesse ínterim que se propõe a seguir, alguns elementos que visem minimizar os obstáculos a ação coletiva.

Disseminação de Informações

É clássica e celebre a frase “Informação é Poder”, quanto mais informação um determinado grupo tem, maior seu poder de influência, a lógicas dos grupos de pressão é essa, com informações privilegiadas podem agir para obter seus objetivos.

Por isso a importância que todas as informações sejam compartilhadas e disseminadas com todos os elementos do grupo, pois assim permite que todos tenham o mesmo grau de conhecimento, e que não haja desconfiança em relação aos reais interesses de cada um, embora isso seja complicado de mensurar ou aferir, mas pelo menos denota um ar de transparência em relação as ações tomadas e os resultados obtidos.

Essa disseminação da informação possibilita ainda que todos os elementos possam falar pelo grupo, mesmo que esses não sejam necessariamente os representantes, isso vai facilitar a adesão de novos membros e a disseminação de seus objetivos, com isso pode aumentar sua influencia junto a sociedade ao aos atores envolvidos na sua demanda.

É importante ressaltar/frisar que com os avanços da tecnologia sobre tudo na área de comunicação, manter informados todos os interessados de um grupo é algo que não é dispendioso do ponto de vista financeiro e mesmo de tempo, tamanha as ferramentas a disposição de todos.

Estabelecimento de Regras

Todo e qualquer grupo no objetivo de atingir seus objetivos precisa de uma organização mínima, e isso pode ser estabelecido através de um conjunto de regras claras e objetivas do funcionamento do grupo.

Mas não qualquer tipo de regra, as regras devem de alguma forma privilegiar todos os membros, e também devem ser estabelecidas se não com todos os elementos com a maior parte deles, para que não gere nenhum tipo de dúvida ou de melindre entre os integrantes, principalmente nas questões decisórias.

É importante nessas regras estabelecer até onde o grupo vai e qual o campo de atuação de seus dirigentes – no sentido de estabelecer o que podem ou não podem realizar em nome do grupo – para que esses não extrapolem os limites de suas atribuições, as regras ainda podem e devem estabelecer a como se dará a contribuição “obrigatória” dos membros, dessa forma amarrando-os a algo maior que seus interesses pessoais em beneficio do grupo.

Estabelecimento de Identidade, Celebração de Memoriais

É notório que em muitas situações os grupos, aos poucos, por inúmeros motivos; rixas, disputa pelo poder, não atingimento dos objetivos rapidamente, inchaço do grupo, perdem sua identidade.

Há necessidade de que com o decorrer do tempo os grupos estabeleçam marcos memoriais, através da manutenção continua dos registros de suas conquistas, primeiro para que não percam a perspectiva daquilo que os uniu e segundo para que possam de alguma forma comparar as conquistas e derrotas desde os primeiros momentos da sua caminhada.

Evidente que o registro apenas pelo registro nesse caso não vale, a necessidade de que se celebre de alguma forma esse memoriais de tempos em tempos para que os mais antigos desses grupos possam fazer memória das etapas percorridas e que os novos integrantes dos grupos possam conhecer a história e integrar-se ainda mais nos seus objetivos.

Divisão de Sub-grupos

Olson faz uma citação ao Prof. John James, que a partir de seu estudo conclui que os grupos efetivamente ativos são os grupos com poucos membros, com isso estabelece-se um mecanismo óbvio a partir da leitura do texto, e nesse caso excetuarei os grupos com poucos elementos, que a necessidade de de que grupos maiores estabeleçam pequenos grupos de trabalho, denominados usualmente GT.

Esses pequenos grupos serão responsáveis por desenvolver atividades meio para conquista dos interesses do grupo. Essa divisão permite um maior envolvimento dos membros com as atividades do grupo, com isso, presume-se, que esses integrantes estarão mais motivados na busca dos interesses dos grupos, uma vez que têm a sensação de estarem sendo importantes para o grupo e para seus objetivos.

Há com isso além de um envolvimento efetivo, também um envolvimento afetivo para com as coisas e idéias do grupos.

Rotatividade de Representação

Sabe-se de muitas organizações onde as lideranças ficam mais importantes que as mesmas, isso é notório principalmente em partidos políticos e associações de bairro, em que para utilizar uma expressão recorrente;“as pessoas tendem a se eternizar no poder”, onde políticos e lideranças ficam durante muitos anos no “poder”, como “representantes” do grupo.

Isso ao longo do tempo, faz com que as pessoas aos poucos vão se afastando do grupo, é perceptível e o autor mesmo apresenta ao longo dos textos analisados, que além do interesse coletivo as pessoas querem realizar primeiramente os seus desejos. E um dos desejos muitas vezes é o de status social.

Como essas lideranças “eternas” muitas vezes minam a possibilidade de alternância de representatividades, esses membros do grupo acabam se afastando ou não contribuindo da forma como poderiam, por isso, sugere-se que as lideranças sejam estabelecidas para um determinado período, para que não sobrecarregue em demasia as atividades dessas lideranças para com o grupo, e também gere algum tipo de desgaste com os demais membros do grupo.

 

Conclusão

As propostas aqui expostas nesse texto, são possibilidades sugeridas para uma maior efetividade para o desenvolvimento de ações coletivas por grupos, sem aprofundamento cientifico, pode-se inclusive em pesquisas em outros meios soluções mais complexas e fundamentadas, ressalta-se no entanto que cabe a cada grupo encontrar a forma ótima de dirimir suas dificuldades em busca dos seus objetivos.

Mas acredito que sejam elementos essenciais para a organização e funcionamento de quaisquer grupos , considerando porém dois de fundamental importância dentro desse trabalho, o estabelecimento de identidade e a rotatividade de representação.

Do primeiro ressalto de maneira mais importante a celebração dos memoriais do grupo, uma vez que percebo – e isso fruto da observação dos grupos que pude participar - na quase totalidade dos grupos.

E do segundo pelo fato de ter a conotação clara daquilo que a sociedade gosta tanto de mencionar – Democracia – que é a condição fundamental para qualquer tipo de participação, se os grupos não são democráticos como cobrar participação dos demais membros do grupo e por conseqüente de toda a sociedade.

Referência Bibliográfica

OLSON, Mancur. A lógica da Ação Coletiva: Os Benefícios Públicos e uma Teoria dos Grupos Sociais – São Paulo, Ed. Universidade de São Paulo – 1999.

(Trabalho apresentado a disciplina de Interesse e Ação Coletiva. Prof. Luiz Domingos, 3º Período Ciência Política)

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