sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Gotinha Mágica

Era uma vez uma gotinha que se achava somente mais uma entre tantas gotinhas.
Por vezes sentia tão minúscula e sozinha que tentava se esconder entre as outras grandes gotas de chuva.
A gotinha era tão pequena que quase todos passavam por ela desapercebidos.
Um dia houve uma grande tempestade e todas as gotas do céu deveriam descer em sua maior fúria marcando presença, foi a ordem dada pelo grande pai trovão.
Ai..Ai..Aiii.. espremeu-se a gotinha. Como faria isso? Nunca havia sido notada em todas as chuvas e evaporações, ela continuava sempre a mesma, do mesmo tamanho insignificante.
E agora ? O que faria ?
Foi nesse momento que um raio que ia passando meio desapercebido de toda a algazarra das gotas percebeu a gotinha encolhida e sofrendo em um cantinho bem escondidinho do céu. E o raio perguntou meio barulhento: O que há pequena gotinha?
Porque está assim, tãoo… tãoo… encolhidinha?
É.. sabe como é né seu raio! Todo mundo aqui vai marcar mais presença do que eu…só para variar né? Eu, como sempre, vou passar despercebida, sendo pisoteada entre as gotas maiores. É sempre assim que acontece comigo. Queixou-se a gotinha.
Como assim? Perguntou o raio já um pouco mais estrondoso.
Assim mesmo seu raio. Eu sempre sou despercebida.
Como é que sabe disso?, perguntou o raio.
Horas bolas… ergueu os ombros a gotinha. Sabendo. Pela maneira como as coisas acontecem comigo.
A maneira como as coisas acontecem?
Você acaso não é aquela gotinha de Hiroshima e Nagazaki?
Aquela única que ficou sem contaminar-se e subiu ao céu limpinha servindo como primeira gota ao alquimista do céu limpador das águas?
Ah… lembrou a gotinha, meio sorridente e meio constrangida. Sou eu mesma. Acho que escapei por ser a menor de todas e por ter esse gingadinho… a gotinha dançou um pouquinho.. e deu um sorrisinho… ai ninguém conseguiu me pegar e eu escapei.
Ehhh… mas, isso não foi grande coisa.
Você sabia que um povoado inteiro com milhares de pessoas foi salvo graças a você conseguir manter-se pura? Não… não sabia, admitiu a gotinha super surpresa.
E acaso não é você a gotinha do nordeste das chuvas de agosto que revitalizaram todo um solo já muito sofrido?
AH! lembrou a gotinha alegre… aquela foi meio impensada sabe… eu vi aquela povo todo sofrendo e toda a chuva com medão de cair… ai eu sabia que se uma única gota caísse do céu as outras eram obrigadas a seguirem, essa é a lei das chuvas sabe.
Então, nem pensei muito e me joguei com tudo. Eu sabia que eu não faria diferença nehuma. Mas… as minhas irmãs sim. Então, eu pulei. Mas, isso não foi grande coisa.
O raio já estava quase explodindo quando falou. Dona gotinha… a senhora encontra muito prazer em sua posição de vitima. É só que olhar, como é coitadinha, e não tudo aquilo que te faz grande e mágica. A senhora pode continuar aí se lamentando e dizendo sempre ai de mim… grande coisa o que eu fiz…pobre de mim… Ou levantar-se e entender que é uma gotinha mágica, muito especial que não existe nenhuma única
gota em todo o céu como a senhora, e assumir toda a sua grandeza e cumprir com suas tarefas no céu e na terra ou..
A gotinha já envergonhada. Disse: Não, não seu raio, tudo bem. Eu já entendi. Acho que estou vendo as coisas de uma perspectiva cômoda para mim. Pois sem ver meu verdadeiro valor posso ficar aqui só me lamentando e culpando os outros e isso é bem mais fácil do que entender que sou uma pequenina gotinha mágica e super importante nesse sistema em que vivo e que sem mim muita coisa grande não existiria e nem
existirá, vou assumir a responsabilidade de ser grande e de ser feliz. Vou aprender a fazer isso.
O raio, bem mais satisfeito, sorriu para a gotinha. É isso mesmo. Então vamos descer e fazer um estardalhaço lá embaixo..
Mas… eu sou tão pequena…
Dona gotinha!!!!
Ehhhh… os dois riram muito e desceram abraçados fazendo o maior barulho e naquela noite todos os que moravam debaixo do céu não dormiram..

Fonte: Recebido por e-mail sem identificação

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