quinta-feira, 29 de abril de 2010

Projeto Filadélfia – Teoria da Conspiração

Em 1984, estreou nos cinemas uma ficção científica chamada Projeto Filadélfia (The Philadelphia Experiment) que tinha um plot bastante interessante. Era assim: em 1943, a marinha americana realiza um experimento para tornar um porta-aviões invisível aos radares inimigos. Dá tudo errado e o navio é transportado para 1983, gerando os paradoxos temporais de sempre (se o navio não voltar ao passado, o futuro será alterado, etc.). Como várias outras produções do gênero, Projeto Filadélfia foi completamente esquecida. Ou quase. A dupla de autores americanos Preston B. Nichols e Peter Moun escreveu um bizarro livro chamado The Montauk Project: Experiments in Time (Sky Books, 1992), no qual afirma que o tal experimento realmente aconteceu.

Em 12 de agosto de 1943, a Marinha teria realizado uma experiência envolvendo campos eletromagnéticos e o porta-aviões USS Eldridge no porto de Filadélfia, EUA. O navio sumiu – não ficou só invisível, mas desapareceu ­ e, quando ressurgiu coisas muito estranhas tinham acontecido. Alguns tripulantes estavam fundidos ao metal da embarcação. Outros estavam transparentes e acabaram se dissolvendo no ar. Outros permaneceram estáticos e “congelados” para sempre. Outros ficaram loucos. Poucos marinheiros saíram ilesos da experiência.

Mas o que teria acontecido ao USS Eldridge?

Segundo vários websites dedicados ao tema, o porta-aviões, assim como seu similar cinematográfico foi transportado 40 anos no futuro, materializando-se em 1983 na base da aeronáutica no pico Montauk, Estado de Nova York, sede do secretíssimo PROJETO MONTAUK.

Como ninguém conseguia explicar por que isso acontecera, o governo criou, em 1943, um comitê de pesquisa chamado Projeto Fênix comandado pelo físico húngaro-americano Janus Eric Von Neumann.

O físico chegou à conclusão de que as ondas eletromagnéticas alteravam a percepção humana da realidade e que podiam ser usadas para exercer CONTROLE MENTAL à distância. Mas isso, embora fosse útil para os planos dos seus empregadores, não resolvia o problema, é claro. As pesquisas continuaram e, para mantê-las afastadas do público, em 1971 o Projeto Fênix foi transferido para uma base da Aeronáutica em Montauk, Nova York, e rebatizado como Projeto Montauk.

Em 1983, as investigações do Montauk acabaram por abrir um túnel temporal para o experimento de 1943, trazendo o USS Eldridge para o futuro. Isso se chama looping temporal e é um tema clássico da ficção científica. Os conspirólogos, no entanto, afirmam que a história do USS Eldridge é verdadeira. A Marinha americana, por sua vez, nega que tenha realizado o Experimento Filadélfia e diz que o Projeto Montauk não passa de lenda urbana.

Mas a história fica muito mais intrigante. Preston B. Nichols, um dos autores do livro citado lá no começo, sustenta que a experiência realizada em 1943 teria sido inspirada nos ensinamentos do satanista ALEISTER CROWLEY. E não é só. Um enigmático personagem chamado AL BIELEK, que afirma ter estado à bordo do USS Eldridge, diz que o experimento foi supervisionado por um consórcio de seres alienígenas que incluíam os populares GREYS e os misteriosos REPTILIANOS.

Ferrari


ferrari O famoso símbolo da Ferrari é um cavalo negro empinado em um fundo amarelo, sempre com as letras S F de Scuderia Ferrari. O cavalo era originalmente o símbolo do Conde Francesco Baracca, um lendário "asso" (ás) da força aérea italiana durante a I Guerra Mundial, que o pintou na lateral de seus aviões. Baracca queria o cavalo empinado em seus aviões porque o seu esquadrão, os "Battaglione Aviatori", foi inscrito num regimento da Cavalaria (forças aéreas estavam nos seus primeiros anos e não tinham administração separada), e também porque ele mesmo tinha a reputação de melhor cavaliere (cavaleiro) de sua equipe. Em 17 de Junho de 1923, Enzo Ferrari ganhou uma corrida no circuito de Savio em Ravenna e lá ele conheceu a Condessa Paolina, mãe de Baracca.

A Condessa pediu que ele usasse o cavalo em seus carros, sugerindo que isso lhe daria boa sorte, mas a primeira corrida na qual a Alfa permitiu o uso do cavalo nos carros da Scuderia foi onze anos depois, nas 24 Horas de Spa em 1932. Ferrari ganhou. Ferrari continuou a utilizar o cavalo negro, contudo adicionou um fundo amarelo porque era a cor símbolo de sua terra natal, Modena.

O cavalo empinado não foi sempre identificado como marca apenas da Ferrari: Fabio Taglioni o usou também nas suas motocicletas Ducati. O pai de Tagliani foi de fato um companheiro de Baracca e lutou com ele no 91º Esquadrão Aéreo, mas ao passo que a fama da Ferrari cresceu, Ducati abandonou o cavalo; esse pode ter sido o resultado de um acordo privativo entre as duas marcas. O Cavalo empinado é hoje uma marca registrada da Ferrari.

BMW

bmw

O símbolo da BMW representa uma hélice de avião, nas cores azul e preta, alusivas ao céu e ao movimento. Foi criado depois dos irmãos Karl Rath e Gustav Otto conseguiram permissão do governo alemão para produzir motores de avião, em 1917. BMW é a abreviatura de "Fábrica de Motores da Bavária" (Bayerische Motoren Werke).

Fonte: http://www.usados.biz

Frase do Dia

Dizem que os acadêmicos e intelectuais devem ser neutros, mas não há neutralidade no pensamento. - Florestan Fernandes

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sermão da Montanha – Grandes Discursos

Mateus Cap. 5, 1-48

1 ¶ E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;

2 E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:

3 ¶ Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus;

4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados;

5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra;

6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;

7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia;

8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;

9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus;

10 Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;

11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.

12 Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós.

13 Vós sois o sal da terra; e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora, e ser pisado pelos homens.

14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;

15 Nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa.

16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus.

17 Não cuideis que vim destruir a lei ou os profetas: não vim ab-rogar, mas cumprir.

18 Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido.

19 Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus.

20 Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus.

21 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; mas qualquer que matar será réu de juízo.

22 Eu, porém, vos digo que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo; e qualquer que disser a seu irmão: Raca, será réu do sinédrio; e qualquer que lhe disser: Louco, será réu do fogo do inferno.

23 Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti,

24 Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta.

25 Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial, e te encerrem na prisão.

26 Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil.

27 Ouvistes que foi dito aos antigos: Não cometerás adultério.

28 Eu, porém, vos digo, que qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.

29 Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.

30 E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno.

31 Também foi dito: Qualquer que deixar sua mulher, dê-lhe carta de desquite.

32 Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério.

33 Outrossim, ouvistes que foi dito aos antigos: Não perjurarás, mas cumprirás os teus juramentos ao Senhor.

34 Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus;

35 Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do grande Rei;

36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo branco ou preto.

37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna.

38 Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.

39 Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;

40 E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;

41 E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.

42 Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.

43 Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.

44 Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;

45 Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos.

46 Pois, se amardes os que vos amam, que galardão tereis? Não fazem os publicanos também o mesmo?

47 E, se saudardes unicamente os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem os publicanos também assim?

48 Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus.

Angela Teresa Reis Neto (Miss Brasil 1964) – Bicho do Paraná

Miss Brasil 1964_3 Em 1964, Curitiba viveu momentos de glória: Angela Vasconcelos, no esplendor de seus 17 anos, era consagrada como Miss Brasil - numa época em que a promoção ainda tinha um marketing de grande projeção. Filha de um coronel do Exército, Osny Vasconcelos e de uma artista plástica que movimentava as reuniões da Cocaco, Arlete, Angela era uma garota inteligente, que surpreenderia por suas respostas e pelo fato de que enquanto aguardava a hora de desfilar, ocupava o tempo lendo "A Metamorfose", de Franz Kafka - que numa edição de bolso a Civilização Brasileira havia lançado com sucesso, nas águas do impacto que a versão cinematográfica de outra obra do escritor checo, "O Processo" (The Trial, 62, de Orson Welles) alcançava nos círculos intelectuais.

Angela formou-se em arquitetura, casou-se com um bem sucedido engenheiro especialista em transportes - Vicente de Brito e teve três filhos: Rafael, Pedro e João. Há 20 anos reside no Rio e, entre suas atividades, estão movimentos ecológicos, incluindo uma curiosa associação de defesa das onças da Mata Atlântica.

Pedro Vasconcelos Agora, Angela também pode ser conhecida como a mãe do ator Pedro Vasconcelos, 16 anos, uma das revelações do ano. (atualmente ele é diretor da Rede Globo)

Quase não há informações sobre nossa personalidade, então coloquei a foto do filho dela para termos pelo menos algo em que pensar.

http://www.millarch.org/artigo/filho-de-angela-vasconcelos-ator-em-faca-de-2-gumes

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Aramis Millarch – Bicho do Paraná

Aramis Millarch
Aramis Millarch (Curitiba 12-07-43 / 13-07-92) foi um dos mais importantes jornalistas e críticos de música e cinema, reconhecido nacionalmente pelo significativo trabalho que desenvolveu durante seus 32 anos de profissão. Começou no jornalismo em 1962 no jornal "Estado do Paraná" no qual manteve ao longo de toda sua carreira a coluna diária "Tablóide". Também escreveu sobre cinema, além de uma coluna sobre discos. Participou dos mais importantes festivais de cultura do país. Escreveu scripts para a Rádio Cultura. Fez com Elói Zanetti o programa "Domingo sem futebol" apresentado na Rádio Ouro Verde. Foi fundador e primeiro presidente da Associação de Pesquisadores de Música Popular Brasileira. Entrevistou dezenas de personalidades da música popular brasileira. Foi o último a entrevistar, durante horas, a cantora Maysa, que faleceria dias depois. No extinto jornal "Última Hora" assinou uma coluna na qual utilizou o pseudônimo de J. Lyra de Moraes - O "J" em homenagem a João Gilberto, o Lyra a Carlos Lyra e o Moraes a Vinícius de Moraes. Deixou um acervo com milhares de itens, entre os quais 30.00 discos que constituem um dos maiores acervos sobre música e cultura do país. Seu acervo foi digitalizado e colocado à disposição do público através do "Tablóide digital". Em 2003, seu acervo foi doado pelo filho Francisco Millachi ao Instituto Cultural Cravo Albin do Rio de Janeiro, que o homenageará em sua sede com um espaço Aramis Milacchi". Foi um dos poucos jornalistas do Paraná a receber o Prêmio Esso de Jornalismo e participou dos principais festivais, concursos ou prêmios de âmbito nacional onde a arte ou a cultura era objeto de discussão.
Como conseqüência dessa dedicação, deixou dois grandes legados: um dos maiores acervos de música e cinema em nosso país, e o relato na imprensa, durante mais de três décadas, do que de importante aconteceu no âmbito da cultura e da memória no Brasil e no exterior. O acervo deixado por Aramis Millarch (mais de 30.000 discos, entre outros itens) se posiciona entre as maiores fontes de informação sobre música e cinema do país. O presente projeto cultural está relacionado ao trabalho jornalístico produzido por Aramis Millarch.
Pesquisador nato e com uma preocupação ímpar com a preservação e precisão da informação, pode-se, sem dúvida, encontrar nos textos deixados pelo jornalista uma retrospectiva única dos eventos, personalidades e fatos que marcaram as últimas décadas da nossa vida sócio-cultural. Com base nessa obra, surgiu a ideia de desenvolver o Tabloide Digital, nome em alusão a sua coluna diária Tabloide.
fontes: http://www.dicionariompb.com.br/ e http://www.millarch.org/

Discurso do Filme o Grande Ditador – Chaplin

Sinto muito, mas não pretendo ser um imperador. Não é esse o meu ofício. Não pretendo governar ou conquistar quem quer que seja. Gostaria de ajudar – se possível – judeus, o gentio... negros... brancos.

Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.

O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a alma dos homens... levantou no mundo as muralhas do ódio... e tem-nos feito marchar a passo de ganso para a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela. A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.

A aviação e o rádio aproximaram-nos muito mais. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à bondade do homem... um apelo à fraternidade universal... à união de todos nós. Neste mesmo instante a minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora... milhões de desesperados, homens, mulheres, criancinhas... vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que me podem ouvir eu digo: “Não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da cobiça em agonia... da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo. E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.

Soldados! Não vos entregueis a esses brutais... que vos desprezam... que vos escravizam... que arregimentam as vossas vidas... que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos! Que vos fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão! Não sois máquina! Homens é que sois! E com o amor da humanidade em vossas almas! Não odieis! Só odeiam os que não se fazem amar... os que não se fazem amar e os inumanos!

Soldados! Não batalheis pela escravidão! Lutai pela liberdade! No décimo sétimo capítulo de São Lucas está escrito que o Reino de Deus está dentro do homem – não de um só homem ou grupo de homens, mas dos homens todos! Está em vós! Vós, o povo, tendes o poder – o poder de criar máquinas. O poder de criar felicidade! Vós, o povo, tendes o poder de tornar esta vida livre e bela... de faze-la uma aventura maravilhosa. Portanto – em nome da democracia – usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos por um mundo novo... um mundo bom que a todos assegure o ensejo de trabalho, que dê futuro à mocidade e segurança à velhice.

É pela promessa de tais coisas que desalmados têm subido ao poder. Mas, só mistificam! Não cumprem o que prometem. Jamais o cumprirão! Os ditadores liberam-se, porém escravizam o povo. Lutemos agora para libertar o mundo, abater as fronteiras nacionais, dar fim à ganância, ao ódio e à prepotência. Lutemos por um mundo de razão, um mundo em que a ciência e o progresso conduzam à ventura de todos nós. Soldados, em nome da democracia, unamo-nos!

Barão do Serro Azul – Bicho do Paraná

Ildefonso Pereira Correia, barão do Cerro Azul (Paranaguá, 6 de agosto de 1849Morretes, Paraná, 20 de maio de 1894) foi um proprietário rural e político brasileiro. Foi o maior exportador de erva-mate do Paraná e maior produtor de erva-mate do mundo. Durante a revolução Federalista, ele e outras cinco pessoas proeminentes da cidade de Curitiba foram executadas sumariamente por ordem do general Éverton de Quadros sem qualquer processo legal ou acusação formal.
Era filho do tenente-coronel Manuel Francisco Correia Júnior e de Francisca Antônia Pereira Correia. Nasceu quando seu pai foi destituído de todos os seus cargos públicos por ter imprimido um manifesto solicitando a separação da comarca de Curitiba da província de São Paulo. Conviveu desde cedo com assuntos políticos que envolviam lutas de conservadores com liberais, de escravocratas com abolicionistas. O pai morreu quando ele tinha doze anos.
Os irmãos mais velhos galgaram posições importantes na política e nos negócios, suas irmãs casaram com homens que viriam a ocupar posições de destaque no governo. Fez o curso de Humanidades no Rio de Janeiro, o qual concluiu com distinção.
Ao voltar do Rio de Janeiro, com vinte e quatro anos, abriam-se as portas do comércio ervateiro. Visitou Montevidéu e Buenos Aires, grandes centros consumidores de erva-mate brasileira, com o propósito de conhecer o negócio. Aos vinte e sete anos, em sociedade, instalou seu primeiro engenho de erva-mate em Antonina. Quatro anos depois viajou aos EUA para exibir seus produtos na Exposição Americana obtendo grande sucesso.
Ao retornar, recebeu o convite para ser candidato à deputado provincial pelo partido Conservador. A partir daí, nunca mais deixou de participar de atividades políticas. Com a construção da estrada da Graciosa, transferiu suas atividades para Curitiba. Nessa época já acumulava ponderável riqueza que rivalizava com as famílias mais abastadas e tradicionais do Paraná.
Em Curitiba, adquiriu e modernizou o engenho Iguaçu, construiu o Engenho Tibagi, adquiriu serrarias e lançou-se à exportação de madeira. Em 1888, associado com Jesuíno Lopes, assumiu o controle da antiga Typographia Paranaense, fundada em 1853 por Cândido Lopes na cidade de Curitiba. Transformaram-na na Impressora Paranaense com o objetivo era melhorar a confecção das embalagens da erva-marte exportada.
Adquiriu posteriormente o controle acionário da Companhia Ferrocarril de Curitiba, lançou as bases do Banco Industrial e Mercantil, comprou o jornal Diário do Comércio, e foi diretor da Sociedade Protetora de Ensino. Alguns comparam-no à Mauá, pois, talvez, nenhum outro paranaense tenha produzido tanto na política ou na atividade empresarial quanto ele.
Causou simpatia ao imperador Dom Pedro II quando este visitou Curitiba em 1881. Ao regressar ao Rio de Janeiro, o imperador concedeu-lhe a comenda da Imperial Ordem da Rosa. Nas eleições de 1882, elegeu-se deputado provincial. Desenvolveu suas funções com sucesso enquanto uma crise política empolgava as ruas.
Assumiu interinamente o governo da província em 1888. Cuidou de apaziguar os ânimos, mas não pode evitar a crise parlamentar que ocorria na Assembléia Provincial. Abolicionista convicto, quando se tornou presidente da câmara municipal de Curitiba, comprometeu-se publicamente a promover a emancipação dos escravos do município.
Em 8 de agosto de 1888, recebeu da princesa Isabel, então regente do Brasil, o título de barão do Serro Azul.
Com a proclamação da República, o governador Vicente Machado da Silva Lima convidou-o para a comissão organizadora do partido Republicano. Repentinamente a situação política mudou: o marechal Deodoro da Fonseca renunciou e o marechal Floriano Peixoto assumiu a presidência, dissolveu o Congresso e convocou novas eleições.
Revoltas contra Floriano Peixoto
No Rio Grande do Sul, o governo Júlio Prates de Castilhos, apoiado pelo marechal Floriano Peixoto reprimiu a oposição e, logo depois, começou a revolução Federalista. No Rio de Janeiro, os almirantes Custódio de Melo e Saldanha da Gama comandaram a Revolta da Armada. Santa Catarina caiu em poder dos revolucionários, e no dia 14 de outubro de 1893, a capital Nossa Senhora do Desterro, atual Florianópolis, foi declarada provisoriamente capital do Brasil, convertendo-se em base de operações militares dos movimentos de revolta originados separadamente no Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro. Enquanto isto, separada por longas distâncias geográficas, Curitiba estava em paz.
Uma força de maragatos (rebeldes federalistas gaúchos) comandada por Gumercindo Saraiva veio do Rio Grande do Sul em direção Rio de Janeiro. Passando por Nossa Senhora do Desterro, juntou-se aos aliados da Revolta da Armada e, dali, partiu com destino à Curitiba. O plano dos chefes maragatos previa o domínio do Paraná com um ataque conjugado por forças de terra e mar, e uma revolta em São Paulo se ali chegassem as tropas rebeldes. O comando legalista enviou para o Paraná batalhões formados por tropas regulares e voluntários civis do Rio de Janeiro e São Paulo. Em janeiro de 1894, estes chegaram à Lapa onde se travou uma terrível batalha. Durantes 26 dias as tropas legalistas resistiram aos ataques das forças muito mais numerosas dos maragatos.
Ocupação de Curitiba pelos rebeldes
Na madrugada de 17 de janeiro de 1894, uma brigada comandada por João Meneses Dória tomou a estação de Serrinha. Com a cumplicidade dos funcionários, passou a responder aos chamados telegráficos como se fosse das tropas legalistas de Lapa, avisando que milhares de rebeldes estavam marchando para a Curitiba. Houve pânico na capital e o general Pego, comandante militar da cidade, fugiu abandonando trens carregados de material bélico.
Devido ao abandono de Curitiba pelas tropas legalistas, a cidade passou a ser dirigida por uma Junta Governativa presidida pelo barão do Serro Azul. Em 20 de fevereiro de 1894, João Meneses Dória entrou em Curitiba à frente de 150 cavalarianos e, de um trem especial, desembarcaram o almirante Custódio de Melo, Teófilo Soares Gomes e vários oficiais da Marinha e do Exército. João Meneses Dória foi então aclamado governador do estado do Paraná.
O barão do Serro Azul foi convocado pelos cidadãos para fazer um acordo com os revolucionários que protegesse a população de violências, saques e estupros. A Junta Governativa de Curitiba transformou-se em "Comissão para Lançamento do Empréstimo de Guerra" com o propósito de arrecadar fundos para os rebeldes e com isso comprar a proteção da cidade. Embora o barão do Serro Azul e os comerciantes que apoiaram a comissão procurassem apenas evitar saques e desordens, seus atos os comprometeram como colaboradores com o movimento rebelde
O tempo perdido pelos maragatos durante o cerco da Lapa permitiu que as tropas legalistas se agrupassem e recebessem reforços ao norte, em Itararé, na divisa São PauloParaná. O comandante dos maragatos, Gumercindo Saraiva, empreendeu um recuo rumo ao sul, abandonando Curitiba. As tropas governamentais reocuparam a cidade e, no dia 16 de outubro de 1893, o novo governador do Paraná Vicente Machado da Silva Lima anunciou o estado de sítio em Curitiba.
Represálias das tropas governamentais
O general Everton de Quadros, novo comandante do Distrito Militar, promoveu demissões de funcionários públicos, buscas e capturas de pessoas acusadas de colaborar com os maragatos. As prisões ficaram tão cheias que o teatro São Teodoro foi transformado em presídio. Apesar da condenação pública, várias pessoas foram fuziladas.
No dia 9 de novembro de 1893, o barão de Serro Azul recebeu uma intimação para se recolher ao quartel da primeira divisão. Outros cinco de seus companheiros também foram presos e levados aos mesmo presídio: Prisciliano Correia, José Lourenço Schleder, José Joaquim Ferreira de Moura, Rodrigo de Matos Guedes e Balbino de Mendonça.
Muitos políticos importantes do Paraná tentaram por todos os meios livrar o barão de Serro Azul e seus companheiros da prisão. O general Everton de Quadros, temendo uma fuga ou a desmoralização de seu comando, ordenou a execução de barão de Serro Azul e seus amigos.
Execução
Na madrugada do dia 20 de maio de 1894, os seis prisioneiros foram retirados da prisão e levados à estação ferroviária de Curitiba, sob o pretexto de embarcarem em Paranaguá em um navio da Marinha com destino ao Rio de Janeiro, onde seriam julgados.
O comboio parou no km 65 da estrada de ferro Curitiba-Paranaguá, perto do pico do Diabo da serra do Mar, onde há um alto despenhadeiro. Os presos começaram a ser arrastados para fora do vagão pelo pelotão de escolta. Mato Guedes atirou-se pela janela do trem, mas recebeu uma descarga da fuzilaria e rolou pelo precipício. Balbino de Mendonça, agarrando-se ao vagão, teve os braços quebrados a coronhadas, e foi abatido a tiros de revólver. O barão do Serro Azul recebeu um tiro na perna e caiu de joelhos. Propôs então dividir sua fortuna com os oficiais da escolta se fosse poupado, porém tombou com uma bala na testa.
O comboio seguiu viagem, abandonando os corpos no local. Somente no dia seguinte a policia de Piraquara foi avisada da existência de cadáveres na serra.
Durante mais de quarenta anos, o barão de Serro Azul foi considerado traidor. Os seus atos foram banidos da história oficial do estado do Paraná, documentos foram arrancados, referências apagadas, e qualquer discussão sobre a execução sumária dele e seus companheiros era evitada. A sua magnífica mansão em Curitiba foi transformada em quartel do Exército, tendo a baronesa e os seus filhos que morar em um anexo]
Sua vida começou a ser investigada nas décadas de 1940 e 1950 quando ocorreu o resgate de sua memória.
Em 1942, foi publicada a biografia "O Barão de Serro Azul" escrita por Leôncio Correia. O livro "A Última viagem do Barão do Serro Azul" do escritor Túlio Vargas, atual presidente da Academia Paranaense de Letras, foi publicado em 1973. Baseado nesse livro, o cineasta Maurício Appel produziu o filme "O Preço da Paz" em 2003, com direção de Paulo Morelli e roteiro de Walther Negrão. No elenco, Herson Capri, no papel do barão do Serro Azul, e Lima Duarte, no papel do general Gumercindo Saraiva.
A sua residência em Curitiba, construída em 1883, foi restaurada e é atualmente o Centro Cultural Solar do Barão.
Em dezembro de 2004, o senador Osmar Dias apresentou o projeto de lei do Senado nº 354, de 2004 que propôs a inscrição do nome do barão de Serro Azul no Livro dos Heróis da Pátria existente no Panteão da Pátria em Brasília.
A Lei nº 11.863, de 2008, foi sancionada pelo Presidente da República; Luiz Inácio Lula da Silva; em 15 de dezembro de 2008 e publicada no Diário Oficial da União em 16 de dezembro de 2008, inscrevendo o nome de Ildefonso Pereira Correia, o Barão de Serro Azul, no Livro dos Heróis da Pátria, depositado no Panteão da Liberdade e da Democracia, em Brasília.
Bibliografia


  • VARGAS, Túlio. A Última Viagem do Barão do Serro Azul. Curitiba: Ed. Juruá, 2004.




  • CARNEIRO, David. O Paraná e a Revolução Federalista. 2ª ed. Curitiba: Ed. Secretaria da Cultura e do Esporte; Industria Gráfica Gonçalves, 1982.




  • CARNEIRO, David. O Paraná na História Militar do Brasil. Curitiba: Travessa dos Editores, 1995.




  • KHATIB, Faissal El. História do Paraná. Curitiba: Grafipar, 1969. Acervo Casa da Memória Paraná.
    fonte: Wikipédia
  • sexta-feira, 23 de abril de 2010

    Lala Schneider – Bicho do Paraná

    LalaLala Schneider (Irati 23/04/26 — Curitiba 28/02/07) foi uma das grandes damas do teatro brasileiro. Era conhecida como a primeira-dama do teatro no Paraná e já foi considerada uma das cinco melhores atrizes do Brasil, tendo atuado em teatro, televisão e cinema. Trabalhou também como diretora e professora de interpretação.
    Lala iniciou a carreira em 1950 na peça "O poder do amor", no Teatro de Adultos do Serviço Social da Indústria (Sesi). Na época, trabalhava no setor administrativo do Sesi, onde ficou até se aposentar. Ela foi  uma das fundadoras do Teatro de Comédia do Paraná.
    Ao longo dos seus 57 anos de carreira, Lala fez inúmeras montagens e ganhou dezesseis prêmios, entre eles o Troféu Gralha Azul na categoria melhor atriz, em 1984-1985 (por Colônia Cecília) e em 1992-1993 (por "O vampiro e a polaquinha"), melhor atriz de cinema em 2004 no festival de Gramado (por Vovó Vai ao Supermercado)

    Trabalhos Destaques

    Teatro (99 peças Teatrais)

    • "O poder do amor", de Nilo Brandão (1950)

    • "Entre quatro paredes", de Sartre, dirigida por Arnaldo Maranhão (1959).

    • "Antes do Café", de Eugéne O'Neill, dirigida por Eddy Franciosi (1959).

    • "Colônia Cecília" (1984-1985) que lhe rendeu o Troféu Gralha Azul de Melhor Atriz.

    • "O Vampiro e a Polaquinha" (1992-1993) que lhe rendeu o Troféu Gralha Azul de Melhor Atriz
    Cinema (09 Filmes)

    • "Guerra dos pelados", "Aleluia Gretchen", "Making of Curitiba", de Sylvio Back.

    • "O Cerco da Lapa", de Berenice Mendes.

    • "Maré alta", de Egídio Élcio.

    • "Vovó vai ao Supermercado", curta-metragem de Valdemir Milani.

    • "Mistéryos", baseado em contos de Valêncio Xavier.

    • "Café do Teatro", média metragem de Adriano Esturilho.
    Televisão (08 Novelas)

    • "Lua Cheia de Amor" (telenovela da TV Globo - 1990).

    • "Felicidade" (telenovela da TV Globo - 1991.

    • "Tereza Batista" (minissérie da TV Globo - 1992).
    Em 1994 foi homenageada com a inauguração de um teatro em Curitiba com o seu nome, o Teatro Lala Schneider.
    Lala foi encontrada morta na sua cama, aos oitenta anos de idade. Segundo a família não se encontrava doente, mostrando apenas alguns problemas de coluna e alguma ansiedade.
    Foi velada no Teatro Guaíra e o seu corpo foi sepultado no Cemitério do Boqueirão, na capital paranaense.
    fonte: wikipedia

    O Justo e a Justiça Política – Rui Barbosa

    PARA OS QUE VIVEMOS A PREGAR À REPÚBLICA O CULTO DA Rui Barbosa JUSTIÇA como o supremo elemento preservativo do regímen, a história da paixão, que hoje se consuma, é como que a interferência do testemunho de Deus no nosso curso de educação constitucional.O quadro da ruína moral daquele mundo parece condensar-se no espetáculo da sua justiça, degenerada, invadida pela política, joguete da multidão, escrava de César. Por seis julgamentos passou Cristo, três às mãos dos judeus, três às dos romanos, e em nenhum teve um juiz. Aos olhos dos seus julgadores refulgiu sucessivamente a inocência divina, e nenhum ousou estender-lhe a proteção da toga. Não há tribunais, que bastem, para abrigar o direito, quando o dever se ausenta da consciência dos magistrados.

    Grande era, entretanto, nas tradições hebraicas, a noção da divindade do papel da magistratura. Ensinavam elas que uma sentença contrária à verdade afastava do seio de Israel a presença do Senhor, mas que, sentenciando com inteireza, quando fosse apenas por uma hora, obrava o juiz como se criasse o universo, porquanto era na função de julgar que tinha a sua habitação entre os israelitas a majestade divina. Tão pouco valem, porém, leis e livros sagrados, quando o homem lhes perde o sentimento, que exatamente no processo do justo por excelência, daquele em cuja memória todas as gerações até hoje adoram por excelência o justo, não houve no código de Israel norma, que escapasse à prevaricação dos seus magistrados.

    No julgamento instituído contra Jesus, desde a prisão, uma hora talvez antes da meia-noite de quinta-feira, tudo quanto se fez até ao primeiro alvorecer da sexta-feira subseqüente, foi tumultuário, extrajudicial, a atentatório dos preceitos hebraicos. A terceira fase, a inquirição perante o sinedrim, foi o primeiro simulacro de forma judicial, o primeiro ato judicatório, que apresentou alguma aparência de legalidade, porque ao menos se praticou de dia. Desde então, por um exemplo que desafia a eternidade, recebeu a maior das consagrações o dogma jurídico, tão facilmente violado pelos despotismos, que faz da santidade das formas a garantia essencial da santidade do direito.

    O próprio Cristo delas não quis prescindir. Sem autoridade judicial o interroga Anás, transgredindo as regras assim na competência, como na maneira de inquirir; e a resignação de Jesus ao martírio não se resigna a justificar-se fora da lei: "Tenho falado publicamente ao mundo. Sempre ensinei na sinagoga e no templo, a que afluem todos os judeus, e nunca disse nada às ocultas. Por que me interrogas? Inquire dos que ouviam o que lhes falei: esses sabem o que eu lhes houver dito". Era apelo às instituições hebraicas, que não admitiam tribunais singulares, nem testemunhas singulares. O acusado tinha jus ao julgamento coletivo, e sem pluralidade nos depoimentos criminadores não poderia haver condenação. O apostolado de Jesus era ao povo. Se a sua prédica incorria em crime, deviam pulular os testemunhos diretos. Esse era o terreno jurídico. Mas, porque o filho de Deus chamou a ele os seus juízes, logo o esbofetearam. Era insolência responder assim ao pontífice. Sic respondes pontífice? Sim, revidou Cristo, firmando-se no ponto de vista legal: "se mal falei, traze o testemunho do mal; se bem, por que me bates?"

    Anás, desorientado, remete o preso a Caifás. Este era o sumo sacerdote do ano. Mas, ainda assim, não não tinha a jurisdição, que era privativa do conselho supremo. Perante este já muito antes descobrira o genro de Anás a sua perversidade política, aconselhando a morte a Jesus, para salvar a nação. Cabe-lhe agora levar a efeito a sua própria malignidade, "cujo resultado foi a perdição do povo, que ele figurava salvar, e a salvação do mundo, em que jamais pensou".

    A ilegalidade do julgamento noturno, que o direito judaico não admitia nem nos litígios civis, agrava-se então com o escândalo das testemunhas falsas, aliciadas pelo próprio juiz, que, na jurisprudência daquele povo, era especialmente instituído como o primeiro protetor do réu. Mas, por mais falsos testemunhos que promovessem, lhe não acharam a culpa, que buscavam. Jesus calava. Jesus autem tacebat. Vão perder os juízes prevaricadores a segunda partida, quando a astúcia do sumo sacerdote lhes sugere o meio de abrir os lábios divinos do acusado. Adjura-o Caifás em nome de Deus vivo, a cuja invocação o filho não podia resistir. E diante da verdade, provocada, intimada, obrigada a se confessar, aquele, que a não renegara, vê-se declarar culpado de crime capital: Reus est mortis. "Blasfemou! Que necessidade temos de testemunhas? Ouvistes a blasfêmia". Ao que clamaram os circunstantes: "É réu de morte".

    Repontava a manhã, quando a sua primeira claridade se congrega o sinedrim. Era o plenário que se ia celebrar. Reunira-se o conselho inteiro. In universo concilio, diz Marcos. Deste modo se dava a primeira satisfação às garantias judiciais. Com o raiar do dia se observava a condição da publicidade. Com a deliberação da assembléia judicial, o requisito da competência. Era essa a ocasião jurídica. Esses eram os juízes legais. Mas juízes, que tinham comprado testemunhas contra o réu, não podiam representar senão uma infame hipocrisia da justiça. Estavam mancomunados, para condenar, deixando ao mundo o exemplo, tantas vezes depois imitado até hoje, desses tribunais, que se conchavam de véspera nas trevas, para simular mais tarde, na assentada pública, a figura oficial do julgamento.

    Saía Cristo, pois, naturalmente condenado pela terceira vez. Mas o sinedrim não tinha o jus sanguinis, não podia pronunciar a pena de morte. Era uma espécie de júri, cujo veredictum, porém, antes opinião jurídica do que julgado, não obrigava os juízes romanos. Pilatos estava, portanto, de mãos livres, para condenar, ou absolver. "Que acusação trazeis contra este homem?" Assim fala por sua boca a justiça do povo, cuja sabedoria jurídica ainda hoje rege a terra civilizada. "Se não fosse um malfeitor, não lo teríamos trazido", foi a insolente resposta dos algozes togados. Pilatos, não querendo ser executor num processo, de que não conhecera, pretende evitar a dificuldade, entregando-lhes a vítima: "Tomai-o, e julgai-o segundo a vossa lei". Mas, replicam os judeus, bem sabes que "nos não é lícito dar a morte a ninguém". O fim é a morte, e sem a morte não se contenta a depravada justiça dos perseguidores.

    Aqui já o libelo se trocou. Não é mais de blasfêmia contra a lei sagrada que se trata, senão de atentado contra a lei política. Jesus já não é o impostor que se inculca filho de Deus: é o conspirador, que se coroa rei da Judéia. A resposta de Cristo frustra ainda uma vez, porém, a manha dos caluniadores. Seu reino não era deste mundo. Não ameaçava, pois, a segurança das instituições nacionais, nem a estabilidade da conquista romana. "Ao mundo vim", diz ele, "para dar testemunho da verdade. Todo aquele que for da verdade, há de escutar a minha voz". A verdade? Mas "que é a verdade"? pergunta definindo-se o cinismo de Pilatos. Não cria na verdade; mas a da inocência de Cristo penetrava irresistivelmente até o fundo sinistro dessas almas, onde reina o poder absoluto das trevas. "Não acho delito a este homem", disse o procurador romano, saindo outra vez ao meio dos judeus.

    Devia estar salvo o inocente. Não estava. A opinião pública faz questão da sua vítima. Jesus tinha agitado o povo, não ali só, no território de Pilatos, mas desde Galiléia. Ora acontecia achar-se presente em Jerusalém o tetrarca da Galiléia, Heródes Antipas, com quem estava de relações cortadas o governador da Judéia. Excelente ocasião, para Pilatos, de lhe reaver a amizade, pondo-se, ao mesmo tempo, de boa avença com a multidão inflamada pelos príncipes dos sacerdotes. Galiléia era o fórum originis do Nazareno. Pilatos envia o réu a Heródes, lisonjeando-lhe com essa homenagem a vaidade. Desde aquele dia um e outro se fizeram amigos, de inimigos que eram. Et facti sunt amici Herodes et Pilatus in ipsa die; nam antea inimici erant ad invicem. Assim se reconciliam os tiranos sobre os despojos da justiça.

    Mas Herodes também não encontra, por onde condenar a Jesus, e o mártir volta sem sentença de Herodes a Pilatos que reitera ao povo o testemunho da intemerata pureza do justo. Era a terceira vez que a magistratura romana a proclamava. Nullam causam invenio in homine isto ex his, in quibus eum accusatis. O clamor da turba recrudesce. Mas Pilatos não se desdiz. Da sua boca irrompe a quarta defesa de Jesus: "Que mal fez ele? Quid enim mali fecit iste?" Cresce o conflito, acastelam-se as ondas populares. Então o procônsul lhes pergunta ainda: "Crucificareis o vosso rei?" A resposta da multidão em grita foi o raio, que desarmou as evasivas de Herodes: "Não conhecemos outro rei, senão César". A esta palavra o espectro de Tibério se ergueu no fundo da alma do governador da província romana. O monstro de Cáprea, traído, consumido pela febre, crivado de úlceras, gafado da lepra, entretinha em atrocidades os seus últimos dias. Traí-lo era perder-se. Incorrer perante ele na simples suspeita de infidelidade era morrer. O escravo de César, apavorado, cedeu, lavando as mãos em presença do povo: "Sou inocente do sangue deste justo".
    E entregou-o aos crucificadores. Eis como procede a justiça, que se não compromete. A história premiou dignamente esse modelo da suprema cobardia na justiça. Foi justamente sobre a cabeça do pusilânime que recaiu antes de tudo em perpétua infâmia o sangue do justo.
    De Anás a Herodes o julgamento de Cristo é o espelho de todas as deserções da justiça, corrompida pela facções, pelos demagogos e pelos governos. A sua fraqueza, a sua inconsciência, a sua perversão moral crucificaram o Salvador, e continuam a crucificá-lo, ainda hoje, nos impérios e nas repúblicas, de cada vez que um tribunal sofisma, tergiversa, recua, abdica. Foi como agitador do povo e subversor das instituições que se imolou Jesus. E, de cada vez que há precisão de sacrificar um amigo do direito, um advogado da verdade, um protetor dos indefesos, um apóstolo de idéias generosas, um confessor da lei, um educador do povo, é esse, a ordem pública, o pretexto, que renasce, para exculpar as transações dos juízes tíbios com os interesses do poder.

    Todos esses acreditam, como Pôncio, salvar-se, lavando as mãos do sangue, que vão derramar, do atentado, que vão cometer. Medo, venalidade, paixão partidária, respeito pessoal, subserviência, espírito conservador, interpretação restritiva, razão de estado, interesse supremo, como quer te chames, prevaricação judiciária, não escaparás ao ferrete de Pilatos! O bom ladrão salvou-se. Mas não há salvação para o juiz cobarde.

    Sexta-feira, 31 de março de 1899.
    RUI BARBOSA

    fonte: www.casaruibarbosa.gov.br

    Grandes Discursos

    Olá pessoal estou iniciando agora nessa sexta feira chuvosa uma nova sessão no Blog… o de Grandes Discursos…

    Comprei a alguns anos, e estava escondido debaixo da minha pilha de livros, o livro 100 Discursos Históricos do Carlos Figueiredo… e fiquei encantado com todos eles… seja de políticos… conquistadores… presos políticos… pacifistas… todos conseguem atingir seu objetivo… de parar e fazer pensar…

    E com a mesma idéia do autor, com um pouco menos de competência, mas com a mesma boa vontade, de ter um material para consulta e divulgar essas perolas da palavra falada e escrita… iniciaremos essa sessão… a idéia é trazer o maior número de discursos para cá… para que cada um de vocês possam saborear e quem sabe porque não… escrever os seus discursos…

    Para iniciar o primeiro post vou trazer o grande Rui Barbosa…

    Boa Leitura

    quinta-feira, 22 de abril de 2010

    Raul Boesel - Bicho do Paraná

    Boesel1 Não é fácil resumir a carreira de Raul Boesel.  Um dos mais conhecidos e admirados pilotos brasileiros, Boesel começou a colecionar títulos desde que começou a correr de kart aos 16 anos.
    Nascido em Curitiba, Boesel diz que sempre amou a velocidade e o desafio das competições. Na adolescência, no entanto, foi a equitação que acabou atraindo a sua atenção. Poucos sabem, mas Boesel foi bicampeão paranaense e de vários outros torneios realizados no Brasil.
    Boesel foi contaminado pelo vírus da velocidade no dia em que foi ajudar um amigo numa prova de kart. Foi mais do que suficiente: a partir daquele dia, Raul já sabia que seu futuro estaria irremediavelmente ligado às pistas. Dois anos mais tarde ele ganhou seu primeiro título, o de campeão curitibano, pouco antes de completar 17 anos.
    A primeira experiência com um carro de corrida se deu em 1978, quando terminou em segundo no Campeonato Paranaense de Stock Car. Na temporada seguinte, recebeu o prêmio de “Piloto do Ano” no Campeonato Brasileiro de Stock Car. Foram três vitórias e o quarto lugar na classificação geral, no ano de estréia da categoria a nível nacional.
    Pronto para tentar a sorte no exterior, Boesel embarcou para a Inglaterra em 1980. Em 1982, depois de apenas quatro anos como piloto profissional, já estreava na Fórmula 1pela March. Boesel 1982
    Em 1985, Boesel se transferiu para os Estados Unidos para correr na CART. Seu cartão de visita foi a volta mais rápida de um estreante nos treinos classificatórios das 500 Milhas de Indianápolis, em seu primeiro contato com um circuito oval.
    Mas sua maior glória seria alcançada em 1987, com a conquista do Campeonato Mundial de Esporte Protótipos pela equipe de fábrica da Jaguar, capitaneada por Tom Walkinshaw. Esse é o título que recorda com maior carinho e aquele que o colocou definitivamente na galeria dos maiores nomes do automobilismo mundial de todos os tempos.
    Com uma carreira duradoura e vitoriosa, Boesel viveu em diversos países desde que deixou o Brasil, há quase 25 anos. Morou na Inglaterra, França, Portugal e Estados Unidos (Indianápolis e Nova Iorque), até que decidiu se estabelecer com a família em Key Biscayne, na Flórida, em 1988. in Key Biscayne, Florida, back in 1988.
    Desde 2001, Raul Boesel retornou ao automobilismo brasileiro, participando da Stock Car e também de corridas de longa duração, como os 500 km de Interlagos e a Mil Milhas Brasileiras.
    Em 2001, Raul Boesel retornou ao automobilismo brasileiro para participar da Stockcar pela equipe Bassani Racing. Foi 2º lugar no Rio de Janeiro e 3º em São Paulo. Em maio, voltou a Indianápolis para classificar o carro de Felipe Giaffone para as 500 Milhas de Indianápolis, a pedido da equipe Hollywood/Treadway Racing.
    Em 2002, Raul começou a temporada vencendo a Mil Milhas Brasileiras pela equipe Dener Motorsports com um Porsche 911 GT3 RS, ao lado de Régis Schuch e Flávio Trindade. Na Stock Car, participou de apenas quatro etapas,  retornando à IRL para correr as 500 Milhas de Indianápolis pela equipe Menard e conquistando uma vaga na primeira fila no grid de largada. A partir da metade do campeonato da IRL, correu pela equipe Bradley Motorsport.
    De volta ao Brasil, no início de 2004 assinou um contrato de três anos com a equipe Repsol/Boettger para voltar a Stock Car. Fez a pole position e chegou em 2º lugar em Campo Grande. Mais uma vez, subiu ao pódio na Mil Milhas Brasileiras com o 3º lugar, guiando o Porsche 911 GT3 RS da Dener Motorsports com Ricardo Maurício e Paulo Bonifácio. Pela mesma equipe, terminou em 2º nas 6 Horas de Curitiba, junto com Marcos Morais, Sérgio Magalhães e Otávio Mesquita.

     

    Atualmente ele é DJ

    maiores informações: http://www.raulboesel.com.br/

    terça-feira, 20 de abril de 2010

    Helena Kolody - Bicho do Paraná

    helena_kolody Nasceu em Cruz Machado (PR), em 12 de outubro de 1912, e faleceu em Curitiba (PR), em 15 de fevereiro de 2004. Seus pais nasceram na Galícia Oriental, Ucrânia, mas se conheceram no Brasil, onde se casaram em janeiro de 1912. Passou a maior parte da infância em Três Barras. Foi professora do ensino médio e inspetora de escola pública. De 1928 a 1931, cursa a Escola Normal Secundária (atual Instituto de Educação do Paraná). Consta que foi a primeira mulher a publicar hai-kais no Brasil (1941).  Foi admirada por poetas como Carlos Drummond de Andrade e Paulo Leminski, sendo que, com esse último, teve uma grande relação de amizade.  A partir de 1985, quando recebe o Diploma de Mérito Literário da Prefeitura de Curitiba, a sua obra passou a ter grande repercussão no seu estado e no restante do País. Em 1988,  é criado o importante Concurso Nacional de Poesia Helena Kolody", realizado anualmente pela Secretaria da Cultura do Paraná. Em 1989, o Museu da Imagem e do Som do Paraná grava e publica um seu depoimento. Em 1991, é eleita para a Academia Paranaense de Letras. Em 1992, o cineasta Sylvio Back faz  filme "A Babel de Luz" em homenageia aos seus 80 anos, tendo recebido o prêmio de melhor curta e melhor montagem, do 25° Festival de Brasília. E, 2003, recebe o título de "Doutora Honoris Causa" pela Universidade Federal do Paraná.
    Bibliografia: Paisagem Interior (1941), edição da autora; Música Submersa (1945), edição da autora; A sombra no rio (1951), edição da Escola Técnica do Paraná; Poesias Completas (1962), edição da Escola de aprendizagem do SENAI; Vida Breve (1965), edição da Escola de Aprendizagem do SENAI; Era Espacial e Trilha Sonora (1966), edição da Escola de Aprendizagem do SENAI; Antologia Poética (1967), Gráfica Vicentina; Tempo (1970), edição da Escola de Aprendizagem do SENAI; Correnteza (1977, seleção de poemas publicados até esta data), Editora Lítero-Técnica; Infinito Presente (1980), Gráfica Repro-SET; Poesias Escolhidas (1983, traduções de seus poemas para o ucraniano), Tipografia Prudentópolis; Sempre Palavra (1985), Criar Edições; Poesia Mínima (1986), Criar Edições; Viagem no Espelho (1988, reunião de vários livros já publicados), Criar Edições; Ontem, Agora (1991), Secretaria de Estado da Cultura do Paraná; Reika (1993), Fundação Cultural de Curitiba; Sempre Poesia (1994, antologia poética); Caixinha de Música (1996); Luz Infinita (1997, edição bilíngüe); Sinfonia da Vida (1997, antologia poética com depoimentos da poetisa); Helena Kolody por Helena Kolody (1997, CD gravado para a coleção Poesia Falada); Poemas do Amor Impossível (2002, antologia poética); Memórias de Nhá Mariquinha (2002, obra em prosa); Viagem no Espelho (1995), Editora da Universidade Federal do Paraná.

    HAI-KAIS

    Deus dá a todos uma estrela.
    Uns fazem da estrela um sol.
    Outros nem conseguem vê-la.
    Arco-íris no céu.
    Está sorrindo o menino
    que há pouco chorou.
    Trêmula gota de orvalho
    Presa na teia de aranha,
    Rebrilhando como estrela.
    Festa das Lanternas!
    Os ipês estão luzindo
    De globos cor-de-ouro.
    Corrida no parque.
    O menino inválido
    aplaude os atletas.
    Nas flores do cardo,
    leve poeira de orvalho.
    Manhã no deserto.
    O brilho da lâmpada,
    no interior da morada,
    empalidece as estrelas.
    A morte desgoverna a vida.
    Hoje sou mais velha
    que meu pai.
    fonte: http://www.antoniomiranda.com.br/

    Bicho do Paraná

    “Eu não sou gato de Ipanema/Sou Bicho do Paraná” (João Lopes)

    Hoje estava lembrando e há algum tempo venho acalentando a possibilidade de publicar aqui pequenas biografias de personalidades paranaenses, com o objetivo de fazer memória e manter viva suas realizações. Nós que moramos aqui no Paraná, muitas vezes não damos a devida importância a nossa história por isso criar um espaço que possa resgatar pelo menos um pouco esses momentos.

    O termo Bicho do Paraná surgiu como nome de uma música do cantor/compositor paranaense João Lopes, com certeza seu maior sucesso, e foi utilizada pelo Banco Bamerindus (agora HSBC) como campanha de divulgação dos valores da nossa terra.

    Na época era a maior sensação você ser escolhido para aparecer nos anúncios como Bicho do Paraná, e o mais legal ainda é que a campanha abrangia pessoas das mais diversas profissões, a única questão era ter desenvolvido algo de relevante e nos desse orgulho enquanto paranaenses, ia desde o Dinho Ouro Preto (vocalista do Capital Inicial) até o Dr. Paciornik (um dos maiores médicos que o Paraná já teve). Então conseguia abranger e não deixava de ser um certo status e podemos nos vangloriar.

    A primeira personalidade será a poetisa Helena Kolody, e na seqüencia teremos outras personalidades importantes das mais diversas áreas.

    Mas para não ser injusto e para aqueles que não conhecem, colocarei um vídeo com fotos do Estado e a música do João Lopes cantando e também a letra da música valeu

    Bicho do ParanáJoão Lopes

    Seu motorista toque o carro
    Me tire desse lugar
    Me leve logo motorista
    Pro outro lado de lá
    Não vou cortar o meu cabelo, não
    Só pra dar o que falar
    Eu não sou gato de Ipanema
    Sou bicho do Paraná
    A vida pra mim na cidade grande
    Tá difícil pra danar
    A gente que nasceu no mato
    No mato tem que morar
    No mato a gente se ajeita
    Tudo o que se planta dá
    Quero voltar pra minha terra
    Pro norte do Paraná

    Cadillac Records

    Ontem a noite assisti esse filme que é muito bacana e vale a pena para quem gosta do bom e velho Rock n’ Roll…

    O filme mostra a trajetória da Chess Records… lendária gravadora americana que apostou no Blues e no Rock tocado pelos primeiros grandes nomes desses ritmos…  todos negros…

    Esse foi o grande diferencial da Chess que apostou desde o início em cantores negros e também em cantoras… levando a música que antes era relegada somente aos guetos para todo o mundo… mostrando a grande revolução cultural que se deu a partir do momento que essa música de raiz tomou de assalto a cabeça da juventude americana e também do mundo…

    O filme é contado a partir da visão de Muddy Waters primeiro grande sucesso da Chess… mas mostra alguns dos outros grande da música Chuck Berry, Howlin’ Wolf (dizem que recebeu seu dom de cantar da forma como cantava do diabo), Little Walter (que junto com Waters deram um novo jeito ao Blues), Etta James (uma cantora fantástica) entre outros… e vai até o encerramento das atividades da gravadora…

    No filme essa cena é uma das mais bacanas… o dono da Chess… Leonard Chess… morreu minutos depois do fechamento da gravadora… antes de chegar ao cruzamento de ataque cardíaco… poucos metros da gravadora… provavelmente como conta o filme… o baque foi muito grande…

    Ao final do filme apresenta o que aconteceu com alguns dos nomes mais importantes da gravadora…

    Olha muito legal mesmo… para quem gosta de boa música… é um filme ótimo para o feriado…

    Abaixo segue link para o trailer do filme para aguças sua vontade:

    terça-feira, 13 de abril de 2010

    Devaneio em um final de expediente.

    Bom terminando mais um dia de trabalho, a vantagem ou desvantagem de você abrir sua empresa, é que em um determinado momento do dia (final do expediente), quando você acha que não dá mais para fazer nada, você começa a fazer as pequenas coisas do dia, ler mais atentamente os e-mails, da uma olhada mais criteriosa nas noticias e começa a organizar o próximo dia. E se dá conta de quanta coisa aconteceu no dia, quanta gente comunicando alguma coisa e como ficou coisa para fazer amanhã. Bom sinal que o mundo caminha a passos largos, as pessoas estão se mexendo e vamos realizando nosso papel.

    Abraços e a até qualquer hora.

    sexta-feira, 9 de abril de 2010

    Elementos para Minimização de Obstáculos à Ação Coletiva

    Introdução

    Como minimizar os obstáculos a ação coletiva, possibilitando assim ganhos para todos os atores envolvidos? Esse é o objetivo que se procurará tratar aqui a partir da leitura de alguns trechos da Lógica da Ação Coletiva de Mancur Olson (1971).

    A obra desse autor é considerada referência no que se diz respeito a Teoria da Escolha Racional, teoria essa adaptada, a partir de análises de fundo econômico, onde segundo a teoria busca-se a obtenção de resultados ótimos, através da análise racional de todas as informações, de modo a contemplar ao interesse, como já mencionado anteriormente, de todos os atores envolvidos.

    A abordagem feita aqui é genérica, não vai deter-se em grupos grandes, pequenos ou intermediários, como o autor apresenta inclusive com suas peculiaridades, mas sim de soluções ótimas que podem ser aplicadas a todos os tipos de grupos, uma vez que o objetivo é apresentar elementos que minimizem os obstáculos a qualquer tipo de ação, está de qualquer tipo de grupo.

    Os elementos que serão desenvolvidos foram identificados a partir da leitura realizadas dos fragmentos do primeiro e segundo capitulo.

     

    Elementos para Minimização dos Obstáculos à Ação Coletiva

    Qualquer ação coletiva, de qualquer grupo, pressupõe que todos os membros do grupo tem um interesse comum que em alguns casos esta concomitantemente ligado aos seus interesses pessoais, isso quer dizer que antes de qualquer coisa, os interesses individuais estão acima dos interesses coletivos.

    Isso é claro em quase todas as situações, o individuo ao associar-se a um grupo, esta querendo na verdade resolver uma situação que é particular sua, mas que encontra eco em maior ou menor grau em outras pessoas e isso facilita sua identificação com esses pares, que no seu entendimento o ajudarão a atingir seus objetivos.

    No entanto, é preciso ressaltar que essa identificação não ocorre de forma imediata, mas sim de um processo de reconhecimento do interesse comum, e isso pode ser demorado e traumatizante em dadas situações quando algum ou alguns membros querem dar-se melhor do que o grupo, ou almejam mais do que o objetivo do grupo, dessa forma partindo para a disputa pelo poder ou pela hegemonia do grupo.

    É nesse ínterim que se propõe a seguir, alguns elementos que visem minimizar os obstáculos a ação coletiva.

    Disseminação de Informações

    É clássica e celebre a frase “Informação é Poder”, quanto mais informação um determinado grupo tem, maior seu poder de influência, a lógicas dos grupos de pressão é essa, com informações privilegiadas podem agir para obter seus objetivos.

    Por isso a importância que todas as informações sejam compartilhadas e disseminadas com todos os elementos do grupo, pois assim permite que todos tenham o mesmo grau de conhecimento, e que não haja desconfiança em relação aos reais interesses de cada um, embora isso seja complicado de mensurar ou aferir, mas pelo menos denota um ar de transparência em relação as ações tomadas e os resultados obtidos.

    Essa disseminação da informação possibilita ainda que todos os elementos possam falar pelo grupo, mesmo que esses não sejam necessariamente os representantes, isso vai facilitar a adesão de novos membros e a disseminação de seus objetivos, com isso pode aumentar sua influencia junto a sociedade ao aos atores envolvidos na sua demanda.

    É importante ressaltar/frisar que com os avanços da tecnologia sobre tudo na área de comunicação, manter informados todos os interessados de um grupo é algo que não é dispendioso do ponto de vista financeiro e mesmo de tempo, tamanha as ferramentas a disposição de todos.

    Estabelecimento de Regras

    Todo e qualquer grupo no objetivo de atingir seus objetivos precisa de uma organização mínima, e isso pode ser estabelecido através de um conjunto de regras claras e objetivas do funcionamento do grupo.

    Mas não qualquer tipo de regra, as regras devem de alguma forma privilegiar todos os membros, e também devem ser estabelecidas se não com todos os elementos com a maior parte deles, para que não gere nenhum tipo de dúvida ou de melindre entre os integrantes, principalmente nas questões decisórias.

    É importante nessas regras estabelecer até onde o grupo vai e qual o campo de atuação de seus dirigentes – no sentido de estabelecer o que podem ou não podem realizar em nome do grupo – para que esses não extrapolem os limites de suas atribuições, as regras ainda podem e devem estabelecer a como se dará a contribuição “obrigatória” dos membros, dessa forma amarrando-os a algo maior que seus interesses pessoais em beneficio do grupo.

    Estabelecimento de Identidade, Celebração de Memoriais

    É notório que em muitas situações os grupos, aos poucos, por inúmeros motivos; rixas, disputa pelo poder, não atingimento dos objetivos rapidamente, inchaço do grupo, perdem sua identidade.

    Há necessidade de que com o decorrer do tempo os grupos estabeleçam marcos memoriais, através da manutenção continua dos registros de suas conquistas, primeiro para que não percam a perspectiva daquilo que os uniu e segundo para que possam de alguma forma comparar as conquistas e derrotas desde os primeiros momentos da sua caminhada.

    Evidente que o registro apenas pelo registro nesse caso não vale, a necessidade de que se celebre de alguma forma esse memoriais de tempos em tempos para que os mais antigos desses grupos possam fazer memória das etapas percorridas e que os novos integrantes dos grupos possam conhecer a história e integrar-se ainda mais nos seus objetivos.

    Divisão de Sub-grupos

    Olson faz uma citação ao Prof. John James, que a partir de seu estudo conclui que os grupos efetivamente ativos são os grupos com poucos membros, com isso estabelece-se um mecanismo óbvio a partir da leitura do texto, e nesse caso excetuarei os grupos com poucos elementos, que a necessidade de de que grupos maiores estabeleçam pequenos grupos de trabalho, denominados usualmente GT.

    Esses pequenos grupos serão responsáveis por desenvolver atividades meio para conquista dos interesses do grupo. Essa divisão permite um maior envolvimento dos membros com as atividades do grupo, com isso, presume-se, que esses integrantes estarão mais motivados na busca dos interesses dos grupos, uma vez que têm a sensação de estarem sendo importantes para o grupo e para seus objetivos.

    Há com isso além de um envolvimento efetivo, também um envolvimento afetivo para com as coisas e idéias do grupos.

    Rotatividade de Representação

    Sabe-se de muitas organizações onde as lideranças ficam mais importantes que as mesmas, isso é notório principalmente em partidos políticos e associações de bairro, em que para utilizar uma expressão recorrente;“as pessoas tendem a se eternizar no poder”, onde políticos e lideranças ficam durante muitos anos no “poder”, como “representantes” do grupo.

    Isso ao longo do tempo, faz com que as pessoas aos poucos vão se afastando do grupo, é perceptível e o autor mesmo apresenta ao longo dos textos analisados, que além do interesse coletivo as pessoas querem realizar primeiramente os seus desejos. E um dos desejos muitas vezes é o de status social.

    Como essas lideranças “eternas” muitas vezes minam a possibilidade de alternância de representatividades, esses membros do grupo acabam se afastando ou não contribuindo da forma como poderiam, por isso, sugere-se que as lideranças sejam estabelecidas para um determinado período, para que não sobrecarregue em demasia as atividades dessas lideranças para com o grupo, e também gere algum tipo de desgaste com os demais membros do grupo.

     

    Conclusão

    As propostas aqui expostas nesse texto, são possibilidades sugeridas para uma maior efetividade para o desenvolvimento de ações coletivas por grupos, sem aprofundamento cientifico, pode-se inclusive em pesquisas em outros meios soluções mais complexas e fundamentadas, ressalta-se no entanto que cabe a cada grupo encontrar a forma ótima de dirimir suas dificuldades em busca dos seus objetivos.

    Mas acredito que sejam elementos essenciais para a organização e funcionamento de quaisquer grupos , considerando porém dois de fundamental importância dentro desse trabalho, o estabelecimento de identidade e a rotatividade de representação.

    Do primeiro ressalto de maneira mais importante a celebração dos memoriais do grupo, uma vez que percebo – e isso fruto da observação dos grupos que pude participar - na quase totalidade dos grupos.

    E do segundo pelo fato de ter a conotação clara daquilo que a sociedade gosta tanto de mencionar – Democracia – que é a condição fundamental para qualquer tipo de participação, se os grupos não são democráticos como cobrar participação dos demais membros do grupo e por conseqüente de toda a sociedade.

    Referência Bibliográfica

    OLSON, Mancur. A lógica da Ação Coletiva: Os Benefícios Públicos e uma Teoria dos Grupos Sociais – São Paulo, Ed. Universidade de São Paulo – 1999.

    (Trabalho apresentado a disciplina de Interesse e Ação Coletiva. Prof. Luiz Domingos, 3º Período Ciência Política)