sexta-feira, 31 de julho de 2009

O Estabelecimento da Ciência Política: Da Antiguidade Grega ao Século XX

um pequeno texto meu publicado em meu antigo blog ruminado-ideias em 05/04/09

Antes de discorrer sobre o estabelecimento da Ciência Política ao longo da história, é importante entender qual é o conceito que se tem da Ciência Política e qual o objeto de seu estudo. Vai-se para esse estudo utilizar a definição dada por Lasswell que define a Ciência Política como “o estudo da formação do Poder e da participação no poder, afirmando que um ato político é uma ação executada numa perspectiva de poder” (DAHL, 1981, p. 4).

Assim sendo entende-se que a Ciência Politica, e o Politólogo, tem como finalidade estudar; como se constituem as relações de poder, quais seus agentes e de que forma interagem e agem nesse ambiente de poder.

Embora com um recorte e um campo bem especifico, no sentido que se tem claro qual o objeto de seu estudo, sempre houve um certo conflito entre os politólogos e os demais cientistas das ciências sociais, principalmente no que se refere ao espaço de atuação de cada ciência.

Por isso em 1948 um grupo de peritos foi reunido pela Unesco, para definir os domínios da ciência politica, definindo então da seguinte maneira os campos de estudo da CIPOL;
A Teoria Politica;
As Instituições Politicas;
Partidos, Grupos e Opinião Pública;
As Relações Internacionais.

O desenvolvimento e estudo da Ciência Política esta fortemente vinculado, a própria história da humanidade, uma vez que tem como objeto de estudo as relações de Poder. Para ser mais claro, pode-se caracterizar o inicio da ciência política a partir do momento, em que ainda na antiguidade, alguns pensadores começaram a refletir sobre essa questão. Embora, a Ciência Política como é conhecida, somente no século XIX com o advento das ciências sócias tenha se firmado, e se desvinculado principalmente da Filosofia que durante muito tempo ocupou o lugar da CIPOL, uma vez que a maioria dos pensadores da ciência política era da Filosofia.

Para melhor compreensão da Ciência Política e do seu desenvolvimento ao longo da história, ela pode ser dividida em 2 períodos distintos; Pré-História, que contem ainda um período intermediário, e História, o primeiro compreende desde a Antiguidade Grega até o final do século XIX e a História se refere ao século XX quando ela de certa forma se consolida.

No período pré-histórico, principalmente na antiguidade grega, a analise das relações de poder estava muito mais vinculada a moral, e não era realizada de forma objetiva, baseava-se no raciocínio dedutivo, sempre partindo do bom governo ou mal governo, baseava-se no conhecimento a priori do que era correto ou não.

Nesse período tivemos alguns precursores da ciência política, tais como Aristóteles, Maquiavel, Bodin e Montesquieu, que tiveram como principal mérito iniciar a separação dos problemas de valor da análise objetiva da realidade, abandonando o método dedutivo, introduzindo a partir de então o pensamento indutivo.

Esses precursores da ciência política contribuíram significativamente, no estudo das relações de poder. Aristóteles é considerado o fundador da CIPOL, introduziu o método de observação, embora ainda não totalmente desvinculado da moral, suas análises partiram do estudo dos regimes políticos de seu tempo, tendo com base as constituições das cidades gregas.

Maquiavel introduziu o método objetivo que não se preocupava com as questões morais, trouxe também a observação histórica, principalmente italiana e da história antiga, para o estudo das relações de poder e contribui muito para a desmistificação do Estado, ao escrever O Príncipe.

As contribuições de Bodin ao aperfeiçoamento da CIPOL estão no sentindo que ele desenvolve o método de observação, complementa e precisa o esquema de poder descrito por Aristóteles, e amplia a observação histórica de Maquiavel, para toda a história, e ajuda fundamentalmente no aperfeiçoamento da Teoria da Soberania do Estado.

O último pensador desse período foi Montesquieu, ele sistematizou o estudo da CIPOL, introduziu o método objetivo, a preocupação nas análises em delimitar o espaço geográfico, a sistematização das observações de modo a extrair uma visão coerente e ordenada, tenta ainda descobrir as leis gerias que regem os fenômenos políticos.

O período intermediário da Pré-História, século XIX, é um período de florescimento das ciências sociais, as transformações ocorridas após a Revolução Industrial e Francesa, trazem uma nova ordem social e novas relações de poder. Foi nesse período, após a metade do século XIX, que Paul Janet cunhou o termo Ciência Política, ao trocar o nome de seu livro que era Filosofia Política.

Durante o século XIX, temos três pensadores da ciência política que merecem destaque; Tocqueville, Comte e Marx.

Tocqueville traz para a ciência política a necessidade da observação direta dos fatos, in loco, dessa forma aprimorando o sistema de observação, aperfeiçoado por Montesquieu, busca a experimentação das suas observações, inclusive trazendo algo realmente novo que é a formulação de “Hipótese de Trabalho”.

Já outro grande pensador do período foi Comte, fundador do Positivismo, que trouxe para a CIPOL a necessidade de objetividade nas análises sociais, pois considera a objetividade a condição de todas as ciências. É desse período e influenciado em muito por Comte que se consolidam as ciências sociais, tais como a Sociologia e a Antropologia.

Outro grande influenciador, embora não se possa dizer que é um Politólogo, uma vez que seus estudos versavam sobre a economia e os modos de produção, foi Marx, com suas idéias de que a história dos homens é a história das lutas de classes, dessa forma da novo sentido para as relações de Poder.

Já nó século XX não tem grandes influenciadores da CIPOL, mas temos a consolidação dela como ciência e o florescimento da Escola Americana, uma vez que a Ciência Política tem uma grande penetração no ambiente acadêmico americano, foram nessa escola que foram melhoradas as técnicas de pesquisa, foi ampliado o foco dos estudos, baseadas na necessidade de formar profissionais aptos a intervir nas relações de Poder, bem como melhorar a eficiência dos órgãos administrativos do Estado, impulsionado em grande parte pela idéia americana de liberdade política.

Bem diferente do desenvolvimento ocorrido na Europa, onde embora houvesse tido algumas iniciativas de formação de centros de estudos e a maioria dos pensadores fosse daquele continente, não encontrou respaldo nas tradicionais universidades européias, até por isso o desenvolvimento ocorreu d forma desigual. Isso de certa forma contribui para o estagio hoje da Ciência Política que ainda luta por um espaço maior e de relevância e a necessidade de olhar para si e buscar a sua origem ou outra visão da sua origem e de seu papel.

Para Introdução a Ciência Política - Facinter

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